REUNIÃO DA COISAS DE SERGIPE

Ao longo de sua trajetória histórica, o Estado de Sergipe tem sido alvo de estudos por parte de pesquisadores que se debruçaram sobre documentos na busca de explicação para eventos que contribuíram para a formação do seu território e da sua gente.
Dentre estes estudiosos não se pode esquecer Felisbelo Freire, que escreveu História de Sergipe, e Felte Bezerra, que se preocupou em estudar a formação da população sergipana, através do seu livro Etnias Sergipanas.

A professora Maria Thétis Nunes, grande historiadora, através de suas publicações vem resgatando as fases colonial e provincial, enquanto Ibarê Dantas se dedica a retratar as questões políticas.

A história política recente também, tratada pelo professor Ariosvaldo Figueiredo. Incorporando-se aos anteriores, Josué Modesto dos Passos Subrinho vem contribuindo para a história econômica estadual.

Não podemos esquecer o papel do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe, que através de seus professores tem tratado de temas sergipanos com profundidade e exatidão. Dentre esses professores destacam-se Maria da Glória Almeida, Maria Nele Santos, Lenalda Diniz e Terezinha Alves Oliva, que publicaram diversos estudos, inclusive textos didáticos.

Mas, de fato, quem primeiro se preocupou em sistematizar as informações sobre os municípios sergipanos foi Clodomir Silva, que escreveu o álbum de Sergipe, em 1920, obra comemorativa aos primeiros centenários da Independência do Estado.

Esta obra riquíssima é, até hoje, referência importante para o conhecimento de Sergipe até o início do século XX, contendo informações sobre as condições ambientais, sociais, econômicas e culturais para cada um dos 34 municípios existentes na época.

Posteriormente, coube a João Oliva Alves dar continuidade àquele trabalho, com a elaboração de monografias sobre os municípios dentro da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, editada em 1955 pelo IBGE e, recentemente, reeditada em CD-ROM.

Ainda na década de 70, José Alexandre Felizola Diniz coordenou os estudos dos: Organização Espacial do Estado de Sergipe e Atlas de Sergipe, muito utilizados por técnicos e planejadores.

Seguindo as pegadas do pai, a professora Terezinha Alves de Oliva coordenou, em 1998, no Departamento de História d universidade Federal de Sergipe, a pesquisa Levantamento de Fontes Históricas sobre os Municípios Sergipanos, formando um banco de dados dentro das atividades do Departamento de Patrimônio Histórico.

Em 1996, no Núcleo de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Sergipe, os professores José Alexandre Felizola Diniz e Vera Lúcia Alves França coordenaram o projeto Atlas Sócio-Econômico de Sergipe, primeiro Atlas digital do Brasil.

Este software contém 275 cartogramas tratando de temas sócio-econômicos, como população, economia, educação, saúde, infra-estrutura, situação eleitoral, organização urbana regional e, por último, traz informações para os 74 municípios.

Deste trabalho ainda resultou um banco de dados com cerca de 800 variáveis para cada um dos municípios sergipanos, com informação a partir dos anos 70 até 1996.

Além disso, é importante lembrar as inúmeras teses de doutorado, dissertações de mestrado e monografias que versam sobre temas e municípios sergipanos. O professor Sylvio Bandeira de Mello e Silva, da UFBA, costuma brincar ao dizer que Sergipe é o Estado do Brasil mais estudado por quilômetro quadrado, tendo em vista o vasto número de estudos realizados sobre os mais diferentes temas e lugares.

De fato, há um grande volume de estudos científicos, grande conhecimento que, infelizmente, nem sempre está ao alcance de todos, em função das dificuldades encontradas pelos pesquisadores para publicação e divulgação. Há algum tempo já é sentida a ausência de um programa editorial voltado para apoiar pesquisadores, ação que poderia ser encampada pelas Secretarias de Cultura e de Planejamento, Ciência e Tecnologia.

Agora, o Jornal CINFORM entrega à comunidade a revista História dos Municípios, que resgata, de forma sucinta e objetiva, um pouco da vida de nossos municípios, destacando singularidades e personagens que tornam cada um deles lugar especial para que os que lá nasceram, viveram ou vivem. Os textos estão acompanhados de fotografias que enriquecem e complementam as informações aqui presentes.

Portanto, é uma contribuição para o conhecimento da comunidade que, muitas vezes, tem dificuldade de encontrar informações que estão disponíveis em acervos, arquivos, bibliotecas e museus, nem sempre ao alcance daqueles que vivem em áreas distantes.

O CINFORM, ao longo dos seus 20 anos e sobretudo, a partir da existência do Caderno Municípios, vem contribuindo para a divulgação de notícias locais, destacando-se a questões econômicas, sociais e políticas, informando à população o que ocorre nos municípios.

Aliás, esse é o grande mérito do CINFORM: a popularização do conhecimento, numa época em que as pessoas estão sendo bombardeadas por informações de áreas distantes, sobretudo através da mídia televisiva, enquanto as locais são postas em segundo plano. Percebe-se que mais de 90% de todo o noticiário do semanário é de origem genuinamente sergipana.

As informações contidas nesta revista são resultantes de um trabalho publicado, semanalmente, desde junho de 2000 pelo CINFORM, através do seu Caderno de Municípios, e produzido por quatro jornalistas encarregados da elaboração das matérias.

A Cristian Góes coube a tarefa de produzir reportagens sobre 28 municípios, e Edvânia Freire, na ausência dele do CINFORM, se responsabilizou por mais de 26. Carla passos elaborou 14 e, finalmente, Valnísia Mangueira se encarregou de sete. Além do esforço pessoal deles, outras pessoas também contribuíram para a consecução dos objetivos, inclusive moradores antigos e estudiosos, resultando num trabalho consistente e bem apresentado que neste momento é entregue à comunidade.

O que sergipanos têm em mãos, agrupados nesta Revista, o resultado de um jornalismo sério, voltado para a valorização das questões locais e para o resgate de personalidades que se destacaram em diversos setores da vida daqueles lugares.

Um trabalho dessa natureza, de intensa busca, exige determinação por parte daqueles que se envolvem no empreendimento. De fato, foi o que se constatou ao longo dos quase dois anos em que a série foi produzida e publicada. Profissionais competentes e dedicados, aliados a um veículo respeitado se emprenharam para oferecer à sociedade um conjunto de informações que resgata um pouco de nossa terra e de nossa gente. Portanto, esta revista, é lavo de regozijo para todos os sergipanos.

Vera Lúcia Alves França, doutora em Geografia e professora adjunta do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Sergipe.